Instalação com 30 TVs de tubo . Praça Victor Civita . Sistema Ecos
Uma espécie de videowall abandonado, formado por TVs que pulsam uma imagem ‘entranhada’, efeito colateral de sua condição eletrônica pré-digital. Em estado de entropia com a natureza, emitem um “último suspiro” de raio catódico. Retrato de precariedades e da obsolescência voraz nas tecnologias de imagens, há algo de incômodo nesse refluxo, talvez por sermos testemunhas de uma arqueologia que opera em nosso presente.
Em meio às árvores, vemos uma montanha de TVs de tubo, no solo da praça Victor Civita. Aparentemente sem funcionamento, parecem ali há algum tempo, como mais uma forma de descarte de material eletrônico. Mas as telas cintilam, como uma descarga de luz, um lampejo de imagens aprisionadas, em curto-circuito reincidente.
Descrição:
O lixo eletrônico causa fascínio e espanto. Há algo de aterrorizante em especular sobre o acúmulo de produtos industrializados que passam, em poucos anos, a não ter valor algum. Especula-se sobre o consumo, sobre o fluxo dos produtos, sobre o fim das coisas. Para onde vão as coisas que não queremos mais?
O conjunto de TVs empilhadas parece conflitante com a natureza ecológica da praça. Mas ao mesmo tempo parece estar em estranha harmonia com o ambiente. Algumas TVs parecem não funcionar há anos. Entre elas cresce mato, saem plantas e folhas secas de dentro de algumas. Algumas estão afundadas na terra, em uma decomposição lenta que nunca irá se consumar.
Então em algum momento percebemos o quanto ainda acontece nesse arsenal sucateado, enxerga-se um faiscar elétrico, as telas emitem lampejos, ouve-se ruídos de descargas, um possível curto-circuito.
Interessa sugerir um pensamento em torno da narrativa. A situação parece mesmo decorrente de alguma operação equivocada, alguma lógica torta na organização urbana. Por quê essas TVs estão todas ali? Por quê estão empilhadas? Há quanto tempo estão ali?
As tecnologias que permeiam nossas vidas se mostram anacrônicas, obsoletas em estado de contínuo descarte.
Inicialmente pensadas em função do bem estar e do entretenimento, parece ser contraditório que a proliferação dessas tecnologias de forma desordenada levem a conflitos com a própria natureza.
Equipe de criação:
criação: Lucas Bambozzi
produção: Larissa Alves
desenvolvimento e cenografia: Leo Ceolin
cenotecnia: Sergio Lippe
ver post do evento aqui:
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