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O projeto Multitude parte da observação de que a última década consolida algumas transformações profundas nas relações sociais e de trabalho, caracterizando também um novo contexto cultural. A exposição no Sesc Pompeia aborda fenômenos distintos desse novo contexto, tendo em vista acontecimentos recentes como as manifestações de junho de 2013 no Brasil e que repercutem ao longo do ano de 2014 no Brasil (Copa do Mundo, eleições presidenciais e a realização de eventos normalizadores, o desentendimento entre facções da esquerda, a dissonância que contrasta pensamentos hegemônicos) fazendo reverberar o termo multidão para além do plano teórico e acadêmico. Caberia dizer que Multitude sugere um “chamamento” para novas formas de entendimento de um contexto histórico.

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A escolha do título do projeto se vale de uma base comum associada à palavra multitude (do latim: multitudin-, multitudo). Em função de sua raiz e origem anglo-latina, o termo se faz compreender globalmente em suas várias utilizações em inglês [multitude], espanhol [multitud], francês [multitudes] ou português [multidão/multitude]. Esse entendimento comum é o ponto de partida para se aferir as riquezas advindas da diferença, que se expressa no projeto como um todo, focalizando a atualidade de uma produção artística e cultural, tecnologias de medição e controle, patologias coletivas, singularidades, subjetividades e poéticas individuais que se sobressaem em meio à multidão. E muito mais por vir.

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O conceito de multidão tem sido objeto de pesquisa por parte de uma série de artistas. Me vi nesse processo mais nitidamente a partir de 2006, buscando projetos em afinidade eletiva com o tema, a partir da realização de uma instalação chamada Multidão montada no Sesc Pinheiros por ocasião da exposição Luz da Luz (curadoria de Ana Barros). Versões distintas desse projeto foram criadas para o Laboratório Arte Alameda na Cidade do México (2011), Favela Maré no Rio de Janeiro (2013) e Virada Cultural em São Paulo (2013) sempre considerando a pertinência da ações representadas com relação ao contexto local.

Em encontros que se sucederam, o projeto foi tomando corpo, em especial a partir das pesquisas desenvolvidas por Andrea Caruso Saturnino no campo das artes cênicas. O projeto Multitude foi assim sendo alinhado também em conexão com trabalhos de teatro e performance que se apresentam igualmente como potências da multidão. O eixo central da escritura cênica não estando mais calcado no protagonismo do texto dramático, abre espaços para a expressão de temas ligados ao cotidiano de múltiplas minorias e para o redimensionamento do lugar da representação.

A realização do projeto como uma exposição junto ao Sesc Pompeia permitiu novas possibilidades de inserção de obras e viabilização de formas de expansão curatorial da exposição. Como forma de estender as referências iniciais a partir de áreas distintas, ao longo do desenvolvimento do projeto foi formada uma comissão curatorial que, além dos idealizadores, envolve os pesquisadores, artistas e pensadores Lúcio Agra, Natacha Rena, Peter Pál Pelbart e Rodrigo Araújo.

acesse o site oficial do projeto aqui

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